Termas do Carvalhal
HM-43 - Termas do Carvalhal
CONCESSÃO
MORADA:
Rua Dr. Pio Figueiredo, 42, 3600-214 Castro Daire
LOCALIZAÇÃO:
Distrito - Viseu
Concelho - Castro Daire
ÁREA DA CONCESSÃO:
18,65 ha
DATA DO CONTRATO:
18-09-2000
PERÍMETRO DE PROTEÇÃO:
Fixado
Portaria n.º 25/2003, DR 9, Série I-B, 11-01-2003
Concessionário
Câmara Municipal de Castro Daire
Captação
AC-G1
Tipo
furo
SETOR DE ATIVIDADE
Termalismo e Geotermia
CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA
GEOLOGIA
Localização
Zona Centro-Ibérica - Série dos granitos biotíticos com plagioclase cálcica, tardi a pós-orogénicos.
Adaptada da Carta Geológica de Portugal à escala 1:1.000.000, LNEG-2010
A concessão das Termas do Carvalhal localiza-se na fácies granítica do núcleo do plutonito granítico de Castro Daire, de forma circular, que se instalou em fase tardia da orogenia hercínica. Esta fácies corresponde a granito biotítico de grão médio que passa, para a periferia, a granito biotítico porfiróide de grão grosseiro. Os vales das principais linhas de água encontram-se preenchidos por depósitos aluvionares de fraca espessura, constituídos por areias, argilas e alguns calhaus.
Todo o plutonito de Castro Daire é atravessado por uma grande falha de direção NNE-SSW que faz parte do sistema de falhas de Penacova-Régua-Verin. Na zona das Termas do Carvalhal ocorre uma falha subparalela a este sistema de falhas, que fará parte dele e que, localmente, se apresenta com uma orientação geral de N20°E. É toda a fraturação induzida por esta mega estrutura e por fraturas conjugadas, em geral de direção W-E, que origina zonas favoráveis à ascensão do recurso hipertermal do Carvalhal.
CARTA GEOLÓGICA DA CONCESSÃO
Adaptada da folha 14C da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50.000, LNEG-1977
HIDROGEOLOGIA
Suportado pela unidade granito biotítico de grão médio do núcleo do plutonito de Castro Daire, com permeabilidade do tipo fissural, semi-confinado a confinado.
- Aquífero superficial livre de água não mineral - descontínuo, constituído pelos depósitos aluvionares das principais linhas de água, de espessura muito reduzida e em geral inferior a 5m, com permeabilidade do tipo intersticial média a elevada.
- Aquífero livre de água não mineral - corresponde aos primeiros 20m a 50m do maciço granítico alterado a arenizado, com permeabilidade do tipo intersticial moderada.
- Aquífero confinado a semi-confinado de água mineral - corresponde às zonas fraturadas do maciço granítico pouco alterado a são, de profundidade superior a 100m na zona das termas, com permeabilidade do tipo fissural média.
A recarga do sistema aquífero mineral faz-se, muito provavelmente, nas áreas a montante das ribeiras de Courinha e do Soutelo a cotas superiores a 475m. O sistema de falhas de Penacova-Régua-Verin constituirá o principal promotor da circulação subterrânea, permitindo o estabelecimento de fluxos a grande profundidade onde o recurso adquire, não só a composição química que o caracteriza, mas também a termalidade.
Presume-se que, para o estabelecimento da zona de descarga, contribui a fraturação de direção W-E que, ao cruzar a falha principal, permite a ascensão do recurso ainda com elevada termalidade, por vezes moderada devido a misturas com águas dos aquíferos livres suprajacentes.
Assinatura Hidrobiómica (espécies exclusivas)
F3: Desulfotomaculum thermocisternum
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR CLASSE ---
Classes representativas: Betaproteobacteria e Clostridia.
A composição taxonómica por classe das comunidades bacterianas desta água sulfúrea, indica uma distribuição em 9 classes (?̅ ≥ 1,04%), das quais Betaproteobacteria (43,21%) e Clostridia (34,24%) têm presença maioritária. Na primeira (F1) e última (F7) amostras colhidas, verifica-se que uma variação em proporção inversa entre as duas classes representativas, ou seja, quando Betaproteobacteria predomina (F7) a presença de Clostridia é reduzida e vice-versa. A amostra F3, para a qual a classe Clostridia é predominante (53,98%), não apresenta Betaproteobacteria na sua composição. Na amostra F5 a percentagem de Betaproteobacteria (39,19%) e Clostridia (38,11%) é aproximada.
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR GÉNERO ---
Na classificação ao nível de género, ao analisar as amostras F1-F5 (primavera) e F3-F7 (outono), verifica-se que o hidrogenoma desta água varia, apresentando diversidade na composição bacteriana das quatro amostras.
Nas amostras F1-F5, Ammonifex é o único género estatisticamente significativo comum, identificando-se a presença maioritária dos géneros Pseudomonas, Janthinobacterium, Clostridium e Symbiobacterium.
Nas amostras F3-F7 o género Ammonifex apenas foi identificado na amostra F3, na qual surgem os géneros Pelotomaculum, Clostridium e Symbiobacterium. A amostra F7 apresenta uma composição que contrasta com as anteriores, dada a presença quase total do género Tepidimonas, seguido por Thiothrix.
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR ESPÉCIE ---
As espécies mais representativas que caracterizam este bacteroma são: Janthinobacterium lividum, Tepidimonas taiwanensis, Symbiobacterium toebii, Ammonifex degensii, Tepidimonas ignava, Clostridium alkalicellulosi, Veillonella dispar, Pseudomonas plecoglossicida, Desulfurispora thermophila, Propionibacterium acnes e Ammonifex thiophilus. Destes microrganismos identificados, Janthinobacterium lividum pode produzir violaceína com propriedades antibacterianas (Valdes, N., et al., 2015). A espécie Tepidimonas taiwanensis produz enzimas com propriedades proteolíticas (Chen, Tien-Lai, et al., 2006), o que poderá ser útil no tratamento de doenças de pele.
A diversidade bacteriana é mais elevada nas amostras F1-F5 colhidas na primavera. A variação de OTUs totais que caracteriza esta água mineral natural é de 108 a 351, entre as amostras F7 e F3 colhidas no outono. A diminuição da riqueza específica na última amostra (F7) é fundamentada pela presença maioritária do género Tepidimonas (classe Betaproteobacteria).