Termas da Sulfúrea
HM-36 - Termas da Sulfúrea
CONCESSÃO
MORADA:
Av. da Libertação 45 D, 7460-002 Cabeço de Vide
LOCALIZAÇÃO:
Distrito - Portalegre
Concelho - Fronteira
ÁREA DA CONCESSÃO:
50,03 ha
DATA DO CONTRATO:
28-07-1999
PERÍMETRO DE PROTEÇÃO:
Fixado
Portaria n.º 152/2012, DR 50, Série II, 09-03-2012
Concessionário
Junta de Freguesia de Cabeço de Vide
Captação
Sulfúrea II
Tipo
furo
SETOR DE ATIVIDADE
Termalismo
CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA
GEOLOGIA
Localização
Zona de Ossa-Morena - Sector de Alter do Chão - Elvas.
Adaptada da Carta Geológica de Portugal à escala 1:1.000.000, LNEG-2010
Zona de elevada complexidade litológica, sendo que na área da concessão afloram apenas duas unidades:
- Formação carbonatada do Ordovícico inferior - constituída por bancadas maciças de carbonatos dolomitizados, de cor clara.
- Complexo básico e ultrabásico de Alter do Chão -Cabeço de Vide - extenso afloramento alongado segundo NW-SE intrusivo na série carbonatada do ordovícico e constituído por rochas básicas - gabros, gabros olivínicos e anortositos - e por rochas ultrabásicas - peridotitos, dunitos e piroxenitos - frequentemente serpentinizadas.
Em termos tectónicos é provavelmente a falha de orientação NNE-SSW e o sistema de fraturas associado que criam as condições de permeabilidade necessárias à emergência do recurso hidromineral.
CARTA GEOLÓGICA DA CONCESSÃO
Adaptada das folhas 32B e 32D da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50.000, LNEG-1972, 1973
HIDROGEOLOGIA
Do tipo fissural, confinado, ocorre no contacto de rochas calcárias e dolomíticas com rochas máficas e ultramáficas. Apresenta um conjunto de características hidrogeoquímicas específicas que distinguem esta água das outras águas sulfúreas portuguesas, como pH > 11, predominância do ião oxidrilo e ausência do ião bicarbonato.
- Sistema aquífero de circulação superficial - livre, suportado quer pelas rochas carbonatadas do Câmbrico sendo, neste caso, do tipo cársico-fissurado com águas do tipo bicarbonatadas cálcicas, quer pelas formações gabróicas e neste caso é do tipo fissurado descarregando águas de características mais magnesianas.
- Sistema aquífero hidromineral - de circulação mais lenta e profunda, suportado pelas rochas ultramáficas serpentinizadas, do tipo fissural, confinado.
As águas que se infiltram a partir da precipitação atmosférica sofrem percursos subterrâneos mais ou menos profundos. Parte delas origina sistemas aquíferos superficiais de águas enriquecidas em cálcio e/ou magnésio. As águas que continuam o percurso descendente alcançam profundidades mais elevadas, onde interagem de forma mais prolongada com as rochas máficas e ultramáficas serpentinizadas, verificando-se o aumento do pH, o desaparecimento do ião bicarbonato e o ganho nos iões cálcio e oxidrilo. A descarga ocorre junto ao contacto entre as rochas ígneas e a formação carbonatada, nas zonas mais fraturadas por ação da tectónica local, sendo de assinalar o artesianismo repuxante do aquífero.
Adaptado de José M. Marques et al. (2008)
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR CLASSE ---
Classes representativas: Betaproteobacteria, Nitrospira, Gammaproteobacteria e Clostridia.
Os valores obtidos na composição taxonómica por classe, das comunidades bacterianas desta água sulfúrea, revelam uma distribuição em 9 classes (?̅ ≥ 1,56%), assinalada pela presença maioritária das classes Betaproteobacteria (59,14%) e Nitrospira (14,73%), seguidas por Gammaproteobacteria (8,49%) e Clostridia (7,20%). Verifica-se que Betaproteobacteria é predominante nas amostras F1-F5 (primavera), enquanto que as classes Nitrospira e Gammaproteobacteria predominam nas amostras F3-F7 (outono), apontando para uma variação semelhante por época. A classe Clostridia tem mais expressão nas amostras F5 e F7 colhidas em 2018, do que nas amostras F1 e F3 colhidas em 2017.
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR GÉNERO ---
Na classificação ao nível de género, comparando as amostras F1-F5 (primavera) e F3-F7 (outono), verifica-se que o hidrogenoma desta água sulfúrea é caracterizado pela presença constante dos mesmos géneros mais representativos (Hydrogenophaga e Thermodesulfovibrio nas quatro amostras analisadas, indicando estabilidade microbiológica. Sobressai nesta composição taxonómica a predominância evidente do género Hydrogenophaga, seguido por Thermodesulfovibrio. Outros géneros significativos aqui representados são Ralstonia (primavera) e Methylomonas (outono).
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR ESPÉCIE ---
As espécies mais representativas que caracterizam este bacteroma são: Hydrogenophaga defluvii, Thermodesulfovibrio thiophilus, Methylonatrum kenyense, Propionispora hippei, Kosmotoga arenicorallina, Actinopolyspora indiensis, Hydrogenophaga pseudoflava, Thermodesulfovibrio aggregans, Arenimonas malthae, Ralstonia detusculanense, Methylomonas fodinarum e Ralstonia pickettii. Destes microrganismos identificados, Ralstonia detusculanense é uma bactéria utilizada como biopurificante, capaz de capturar substâncias radioativas (Guiseppe Quartieri, et al., 2019).
A diversidades das comunidades é maior nas amostras F1 e F3 colhidas no ano hidrológico de 2017, entre as quais se verifica a variação dos valores de OTUs de 125 a 384, que caracterizam esta água mineral natural. A amostra F1 apresenta menor riqueza específica, aumentando consideravelmente na amostra F3, dada a presença dos géneros Thermodesulfovibrio, Methylomonas, Thiobacillus e Actinopolyspora.