Piedade
HM-34 - Piedade
CONCESSÃO
MORADA:
Rua Manuel Rodrigues Serrazina s/N, 2460-743 Alcobaça
LOCALIZAÇÃO:
Distrito - Leiria
Concelho - Alcobaça
ÁREA DA CONCESSÃO:
100,69 ha
DATA DO CONTRATO:
17-12-1998
PERÍMETRO DE PROTEÇÃO:
Fixado
Portaria n.º 144/2012, DR 49, Série II, 08-03-2012
Concessionário
Termas da Piedade, Lda.
Captação
SB1
Tipo
furo
SETOR DE ATIVIDADE
Termalismo
CARACTERIZAÇÃO DA ÁGUA
GEOLOGIA
Localização
Bacias Meso-Cenozóicas - Bacia Lusitaniana
Adaptada da Carta Geológica de Portugal à escala 1:1.000.000, LNEG-2010
Afloram na área da concessão as seguintes unidades:
- Aluviões (Quaternário) - ocorrem na planície aluvial do rio Alcobaça.
- Camadas de Alcobaça (Jurássico Superior) - alternâncias complexas de calcários margosos e arenosos, arenitos calcários, calcários bioclásticos e oolíticos e níveis margosos.
- Margas de Dagorda (Triásico Superior-Hetangiano) - arenitos, siltitos e argilitos com níveis de evaporitos (gesso, anidrite, sal-gema).
Destacam-se as seguintes estruturas regionais:
- Anticlinal diapírico das Caldas da Rainha - constitui um extenso vale - o vale tifónico das Caldas da Rainha - preenchido por sedimentos pliocénicos e aluviões, donde sobressaem pequenos afloramentos mais antigos da unidade "Margas de Dagorda".
- Falha de orientação WNW-ESE - com inclinação para SW, põe em contacto as Camadas de Alcobaça com as Margas de Dagorda.
Localmente destaca-se ainda:
- Um sistema de falhas, de orientação predominante N30°-40°E, com as quais estão relacionadas diversas exsurgências do recurso hidromineral.
CARTA GEOLÓGICA DA CONCESSÃO
Adaptada da folha 26B da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50.000, LNEG-1961
HIDROGEOLOGIA
Suportado por unidades geológicas margo-carbonatadas do Jurássico Superior, com permeabilidade fissural ou, em parte, do tipo carsificada.
Coexistem dois tipos de aquíferos:
- Aquífero de águas superficiais - sistema multicamada de natureza areno argilosa, com permeabilidade em geral do tipo poroso, alternado entre sistemas livres, semi-confinados ou confinados, em geral de fraca espessura, correspondentes às aluviões do rio Alcobaça.
- Aquífero hidromineral greso-carbonatado - sistema fraturado, parcialmente carsificado, suportado pelas formações geológicas do Jurássico Superior (“Camadas de Alcobaça” e “Grés Superiores”) de circulação profunda.
A unidade margo-evaporítica origina aquitardos de permeabilidade muito reduzida.
A recarga do sistema aquífero hidromineral dar-se-á por infiltração de águas pluviais em amplas áreas de afloramento de terrenos calcários jurássicos que constituem a Serra dos Candeeiros, localizada a vários quilómetros para E, sendo posteriormente conduzidas para níveis mais profundos do maciço calcário, por via de falhas e de grandes fraturas subverticais.
A circulação da água, no seio do extenso sinclinal que separa a Serra dos Candeeiros e o anticlinal diapírico das Caldas da Rainha, onde emerge o recurso hidromineral, estará condicionada pelos vários sistemas de falhas existentes e, sobretudo, pelas grandes fraturas NW-SE tardi-hercínicas, reativadas pela compressão bética. Neste trajeto poderá haver contacto com massas margo-evaporíticas injetadas na rede de fracturação, que conferem o perfil típico às águas da Piedade. Na parte final do circuito hidromineral, a interposição de uma barreira geológica de grande eficiência hidráulica, materializada pelas formações margo-evaporíticas do vale das termas da Piedade, obriga a água mineral a emergir.
A emergência verifica-se na intersecção das fraturas de orientação N30°-40°E com a falha que limita o anticlinal diapírico e que, localmente, apresenta orientação WNW-ESSE.
Assinatura Hidrobiómica* (espécies exclusivas)
F3, F5: Desulfovibrio marinisediminis
F3, F5, F7: Acholeplasma parvum
*hidrogenoma consolidado
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR CLASSE ---
Classes representativas: Nitrospira e Deltaproteobacteria.
Os valores obtidos na composição taxonómica por classe, das comunidades bacterianas desta água cloretada, indicam uma distribuição em 7 classes (?̅ ≥ 2,43%), com a presença maioritária de Nitrospira (33,62%) e de Deltaproteobacteria (15,64%). A classe Nitrospira predomina na amostra F1 (64,18%), enquanto que Deltaproteobacteria predomina em F5 (18,90%). A classe Alphaproteobacteria marca também presença neste hidrogenoma (16,81%), contudo apenas nas amostras colhidas no outono (F3-F7), destacando-se na última amostra colhida (29,84%).
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR GÉNERO ---
Na classificação ao nível de género, comparando as amostras F1-F5 (primavera) e F3-F7 (outono), verifica-se uma presença constante da maior parte dos géneros nas quatro amostras, apesar da percentagem significativa de reads (sequências) sem assignação taxonómica.
Este hidrogenoma caracteriza-se pela representatividade do género Thermodesulfovibrio, seguido por Clostridium e Desulfosarcina. No entanto, como expectável, a amostra F7 afasta-se mais deste padrão de distribuição, apresentando o género Methylobacterium (classe Alphaproteobacteria) com presença maioritária.
--- COMUNIDADES BACTERIANAS POR ESPÉCIE ---
As espécies mais representativas que caracterizam este bacteroma são: Thermodesulfovibrio aggregans, Methylobacterium radiotolerans Thermodesulfovibrio thiophilus, Desulfovibrio psychrotolerans, Azospira restricta, Desulfosarcina ovata, Blautia coccoides, Chlorobaculum limnaeum e Clostridium alkalicellulosi. Destes microrganismos identificados Desulfosarcina ovata, por exemplo, pode ter aplicabilidade em processos de biorremediação de xenobióticos (Yuriko Higashioka, et al., 2012).
A diversidade das comunidades bacterianas é maior nas amostras F3 e F5, entre as quais F3 apresenta maior riqueza específica. Esta água cloretada é caracterizada pela variação de OTUs de 153 a 448, entre as amostras F1 e F3 do ano hidrológico de 2017, devido à maior presença das classes Clostridia (géneros Clostridium e Blautia) e Gammaproteobacteria (género Pseudomonas).